Coisas de chuveiro
Ela abriu o chuveiro, e deixou que o mundo parasse. A água percorria não só a extensão do seu corpo, mas das suas preocupações também. Curioso era que o espelho do banheiro estava todo embaçado, seu reflexo era nada mais que uma sombra. Era assim que a menina se sentia. Gotas não escondiam lágrimas, a muito tempo ela prometera nunca mais chorar. Uma menina esperta, você poderia dizer. Uma tola, na realidade é o que passara a ser. O calor do banheiro a preenchia, a fazia sentir-se segura. As frustrações pareciam menores, seus dramas nada mais que uma velha comédia romântica que servia a si durante longos dias. Estava cansada de si mesma. O cabelo começou a pesar, começou a massageá-lo e isso permitiu que tentasse mais uma vez se ver no espelho. Nada. Borrão. A água quente marcava a pele com vergões. O amor a marcara com solidão. Era como se todas as escolhas a tivessem a coberto de insegurança. Ver seus mil amores de uma noite cu