Conforme ele corria, maior a estrada se tornava. Era marcada por curvas fechadas, longas subidas e descidas espirais. Não havia como controlar, os pés tomavam seu próprio caminho. O restante do corpo apenas seguia. Era uma batalha de uma velha guerra, entre chão e sola de sapato. O impacto do encontro era válvula que percorria os membros. Quente, elétrica. Dolorosamente mortal. Corpo mexia, mas nem mesmo no mais inclinado morro a alma se manifestava. Estava cansada, pesada. Sentia-se velha, exausta de si. Era como ver nuvens percorrer o céu e permanecer fincado no mesmo lugar. O mal das transformações é que demoramos muito para compreendê-las. Não as enxergamos. Escondido num recanto escuro de si, ele prendia o espírito de nômade. Era um homem sem casa. As curvas continuavam a ir e vir, a cada metro percorrido desejava que ali fosse sua casa. Só por um dia, não haveria o menor problema! A estrada larga, fria e soz