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Mostrando postagens de dezembro, 2014

Noites de Dezembro

                    Ele fechou os olhos e sentiu o frio, a noite e vida que corria do lado de fora da casa.               Ali, dentro e fora do seu corpo, estava uma completa bagunça. Roupas e pensamentos jogados ao alento. Misturavam-se em uma montanha em que tinha medo de tocar. De descobrir o que havia por baixo de toda a poeira.                     O peito ardia, e as chamas o consumiam. Ele queria correr, mas era um homem sem casa. Não tinha para onde ir, para quem se jogar. A solidão era uma companhia curiosa. O fazia pensar em todos que estavam distantes, mas o foco voltava a ser ele. Seus erros. Seus planos frustrados. Os sonhos que criava durante o dia, e sabia que não chegaria a minima margem da realidade.                 Recordava-se de alguém dizer que o tempo que se passa sozinho, era bom para se conhecer. Mas como conhecer alguém que mudava numa espiral constante? O espelho lhe pregava truques a cada manhã.               As horas corriam e os pensamentos do men

Encontro casual

           Depois de tantos acasos, o beijo aconteceu. Os corpos se atraiam como opostos. Mãos firmes percorriam a parte de trás da cabeça e as costas. A barba de um roçava o pescoço do outro. Os sussurros ao pé do ouvido arrepiavam.               Embora alguma música tocasse ao fundo, a respiração dos consortes a abafava e tornava-se o único som ao qual entregavam-se.               A luz da rua banhava o quarto escuro e vazio, contendo apenas um colchão, parte desmontada de uma mobília e inúmeras roupas tacadas ao alento. Dedos entrelaçavam, abdomens atritavam e virilhas encaixavam.              Um era mais velho, trazia em si o fulgor dos vinte e poucos anos. Era branco como um filho do luar, a pele lisa e os cabelos eram curtos. Mesmo com pouca luz, podia-se ver que seus músculos eram firmes e esbeltos. O outro mais magro, com pele marcada de sol e cabelos espessos de um ouro velho, aparentava ter vivido menos janeiros do que realmente suportara.            Bocas, peitos, a

Do silêncio.

           Estranho como o silêncio tem várias interpretações. Para um, pode revelar mais que mil palavras. Para outro, é o mesmo que encontrar um padrão em um caleidoscópio. A ausência de palavras deve ser a maior zona das pessoas, afinal a maioria das vezes o usamos como uma resposta automática. O complicado é querer que pessoas o compreendam como desejamos. Somos tão incompetentes na missão de entender o outro em sua totalidade.                 Existem muitos tipo de silêncio. O entre namorados, entre pais e filhos, entre irmãos. Um dos mais dolorosos é o entre amigos. Quando este toma espaço, é o mesmo que sentir que tudo que vivenciara não existisse mais. Impõe-se como um frio ditador, que deseja torturar e punir aquele que o desagradou. Mas a amizade é construída entre os homens, e a humanidade é falha. Se formos perfeitos, qual a graça de nossa sina?                  Por que constantemente cobramos demais das pessoas? E as condenamos quando fogem da nossas caixas de escolha