Aquele do dia que vi o quão ignorante o homem é.

               Carxs amigxs, boa noite. Dessa vez, não venho aqui para partilhar crises existenciais, nem pensamentos do Prince High, muito menos baboseiras de mais garoto otário. Venho dividir uma situação que acabei de vivenciar.
               Sou graduando em História, pela Universidade Federal de Alfenas. Moro em uma república, a saudosa Cabron, com mais três pessoas. A pouco, alguns amigos chegaram para passarmos a noite conversando, bebendo, rindo dos problemas e falando do cotidiano universitário. E logo no que entraram, fomos obrigados a presenciar uma cena que nos revelou um lado triste da humanidade.
                Um vizinho completamente alterado, começou a tacar coisas em nossa casa. Uma garrafa quebrou a janela do quarto de uma das meninas, e um pedaço de vidro foi jogado em nossa varando quase acertando uma professora do curso que nos visitava.
                 O homem, que aqui chamarei por Sr. Energúmeno, segurava um taco de baseball. Sim amigxs, como uma cena clássica de filme. Gritava ofensas, alcunhando-nos de várias coisas pejorativas e homofóbicas. Nós tentamos conversar, mas quanto mais falávamos, mais o homem mostrava seu lado ignorante, machista. Nos ameaçava, chamava para o que seria um modelo humano de uma briga de galo.
                    E o que mais me machucou, além de claro ter minha privacidade e propriedade atacada, foi o fato de ver o quão ignorantes e escrotas as pessoas ainda são. O engraçado, é que este homem usava uma camiseta de empregado da universidade que estudamos. Acaso?
                    Posso, e tecerei algumas considerações sobre o ocorrido. Me choca, com o olhar de um estudioso das Humanidades, é ver que por mais acreditemos viver em uma democracia, algumas vezes isso fica apenas no mundo das ideias. Ficou explícito, o quão brutal e animalesco o ser humano consegue ser. Seus olhos mostravam o tamanho de sua raiva e ódio. Nos chamava de bichas e biscates. Uma repulsa tão grande, que o levou a perder toda a razão que poderia ter se mantivesse uma conversa madura.
                     Todos os nossos colegas ficaram anestesiados com a cena, o medo nos percorre em não saber o que nos espera do outro lado da porta. Coisas que apenas em filmes acontecem, tomam conta da realidade de um formato muito mais brutal e frio.
                    Quando o homem entenderá o próprio homem? Até quando permitiremos que cenas assim passem impunes? Só porque nós somos universitários, somos menos importantes por não termos dinheiro? Por sermos jovens? Ainda se vê na juventude um paralelo de irresponsabilidade e de alienação. O mesmo não foi jovem um dia, e quis conversar com seus amigos até que as estrelas sumam do céu? Não sei se choro, não sei se rio de uma cena tão ridícula.
                  Se fosse um pintor, faria uma tela. Um homem alto, na sua meia idade brando contra jovens em uma sacada. A luta da juventude ainda se dá nesse campo? Espero que um dia, meus filhos possam andar sem medo na rua. Possam escolher sua casa sem medo. Me senti completamente vulnerável, preso das paredes do preconceito sexual e social. Talvez seja só uma utopia, mas vale apena não deixar de acreditar.
                  Nas palavras de J.K. Rowling, são tempo sombrios e não há como negar.

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