Jesus dos novos tempos



          Quando olhei essa foto pela primeira vez, me senti feliz. "Por que logo felicidade?", você deve se questionar. Bem, feliz, em primeiro lugar, porque contradiz o estereótipo que gays, lésbicas, transexuais, transgêneros, travestis, vão à Parada Gay apenas por curtição, que estão ali sem um motivo, mais um grupo de alienados pela sociedade do consumo e da beleza. Existe sim este tipo de pessoa, e não estão erradas em agir assim; são pessoas diversas passando por diversos processos. Em contra partida, temos as companheiras e companheiros que conseguem colocar o dedo na ferida da nossa sociedade machista, homofóbica e intolerante.
           O que os choca é o fato de uma mulher representar o martírio mais comercializado do mundo ocidental? Ou é por ser uma mulher trans? Ou é porque nossa sociedade nos introjetou um Jesus que se distancia cotidianamente do judeu descrito no Novo Testamento? Esse judeu era pobre, nasceu em uma região completamente carente, violenta; juntou-se à um grupo de pescadores analfabetos, e o que mais falava para as pessoas era sobre amor. Não era sobre responder com mais agressões, mas sobre dar os dois lados da cara à tapa. Que a força para superar todo aquele sofrimento de um sistema injusto, desumano, estava dentro do próprio povo, da própria pessoa.


          Então se Jesus um dia voltar, como dizem as Escrituras, ele não será um cara loiro, do olho azul, andando de branco com uma sandália de couro. Ele vai ser o jovem homossexual que é expulso de casa ao assumir sua orientação sexual. Vai ser a transexual que é agredida todos os dias nos becos de nossas cidades. Será a travesti que foi empurrada à prostituição, porque segundo a sociedade, é o único no qual ela se encaixa.

          Acredito que Jesus deve estar de pé aplaudindo essa jovem. Não sentado em um trono cercado por anjinhos, envolto de nuvens. Mas presente na dor e na luta de todas e todos jovens LGBT. Logo, isso responde a questão levantada acima. Sou feliz por ver que a luta contra homofobia continua crescendo e amadurecendo. Sou feliz por ver a criatividade sempre será a chave-mestra contra os monstros de nossa sociedade, nós mesmo.

          Essa cena me representa. Essa jovem trans me representa, pela sua coragem, audácia e talento. Representa meu movimento. A luta contra o machismo, o racismo, a homofobia, acontece todos os dias. Precisamos enxergar os vários "Jesus" de nosso tempo. Há muito sangue e ódio, quando tudo o que nos falta é amor. A gente aprende a amar o outro só quando aprende a se amar! 
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          Posso ouvir um amém aqui??

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