Historia

Tem momentos que quero me derramar em palavras, mas tenho vivido inúmeros de silêncios. Descubro-me no silêncio quando olho ao redor de dentro de mim. Não quero falar, mas não é como se quisesse me calar. Há tanto tempo que eu não faço textões em redes sociais, os dias de inúmeras hashtags no Instagram passaram, assim como o peso dos likes do Facebook. Hoje são fotos de momentos particulares e singulares, como meu namoro, músicas que tenho escutado ou uma divulgação em Chromatica. Mas ainda sinto silêncio pulsar em mim.
Só que o tempo passa e as coisas mudam. O inverno chega. As eras acabam. As folhas caem e a história acontece. São tempos de uma pandemia global, algo que abalou profundamente a sociedade contemporânea. O novo corona-vírus derrubou o sistema imunológico do neoliberalismo, nada será como antes. A história é implacável, vive em todas as esferas da vida humana, da mais privada à mais pública. Confirma-nos que o futuro é incerto, imprevisível e o passado fonte de ensino para nos preparar para tudo o que pode vir.
É por ter o conhecimento de que todos participam da história, todos podem produzir vestígios de nossa existência no tempo e espaço, de nossa sociedade, de nossa realidade. Nossa era desenvolveu-se tanto tecnológicamente que conseguimos manter contato social em plena crise sanitária de nível global. Um vírus altamente contagioso parou a humanidade, enquanto a vacina é pesquisada, a única forma de evitar o proliferamento da doença é através do distanciamento social. Quem imaginaria que o último ano da década seria tão digno de uma serie finale! Mas mesmo tendo de evitar o contato físico, as redes sociais permitiu que o contato entre os seres humanos permanecesse. Tantas outras epidemias aconteceram nas outras eras, tempos em que as informações eram mais difícieis de serem compartilhadas, momentos em que a morada de nossa espécie era tão pequena e desprovida de energia elétrica ou construções de tijolos. A internet tem poucos anos, mas quão avassalador foi sua transformação na nossa sociedade.
A pandemia marca um momento histórico e isso enfrenta meu silêncio, escancara minha terra seca de palavras, meu peito repleto de emoções mas com pouca destreza para descrevê-lo. Queria que meus olhos fossem meus dedos e digitassem as maravilhas e sofrimentos que observo dos os dias, dentro e fora de mim.
Me faz querer falar, mesmo que seja sem pé nem cabeça, sobre aleatoriedades e divagações sobre momentos e conceitos que estou longe de poder dominar. A experiência da faculdade me melhorou, mas na mesma medida me silenciou. É possível ver meus eus antes, durante e depois desse processo. Quero me reencontrar, mas não sei onde estou. Só sei onde estive. Quero que elas, as palavras reencontrem as ruelas do meu ser, para poder deixar registrado que aqui estive e aqui vivi. Transpor o que sentia e o que pensava. Sobre não saber quem eu sou, apenas sabendo o que não sei.

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