Amanhã é 26

Não há muitas coisas na vida em que sou bom. Nada demais, nem mesmo pessimista nesta afirmação. Realista, talvez. Mas, também diria que dessas muitas coisas que não sou o melhor praticante, existem poucas que posso dizer que faço bem. Uma delas, ensaios.
Não ensaios que antecedem e aprimoram apresentações artísticas, como os grandes shows e peças de teatro. Nem mesmo refiro ao sentido de um pequeno esboço em texto. Sou bom em ensaiar ações em minha cabeça, mas que nunca tomam forma concreta.
Tanto tempo que ensaio escrever, de alguma forma relatar as coisas que tenho vivido. Colocar em "tinta e papel", como eu teria dito a algum tempo atrás. Mas o tempo passou e eu passei com ele. O eu que fica é novo, mas que não é novidade. Novidade é algo passageiro, novo é o que fica. Mas ainda tenho muitas incertezas do que, em mim, ficará. Esse novo-eu é tão profundo quanto os outros eus. Martela todo dia, aquela voz de consciência no fundo dos meus pensamentos. Do martelar ressoa minha própria contradição, nela eu fico. Estagnado. Constrangido. 
Quero relatar que apesar de toda culpa, hoje foi um belo domingo! A cereja do bolo, depois de um fim de semana moendo amor. De tão moídos, levantamos cedo no domingo! Mas as horas se passaram entre as cobertas, o hálito forte marcava nossa respiração. Ele sorriu. Me beijou. Eu derreti.
Saímos para uma caminhada, para conhecer o distrito de São Pedro. Passamos pela escola, pela praça e igreja, com direito a parar para um café na única padaria da comunidade. Eu havia dito ao Felipe que não lhe faltaria café.
Depois começamos a cozinhar nosso almoço. Um domingo bem de casal, gostamos de dizer. Abrimos umas latas de cerveja, fui para a frente do fogão e ele atrás, me contando sobre suas percepções sobre animes e erudição. Entre um trago e outro do cigarro de palha mentolado, ele me recordou uma série de acontecimentos importantes no nosso relacionamento, que eu não lembrava em uma mesma sequência cronológica. Nós rimos dessa luta de memória e beijamos em louvor daquelas que estamos criando e ainda faremos. É impossível ser feliz sozinho.
Então a tarde veio e com ela ele precisou partir. A última imagem que tenho dele é ele sorrindo pós moer amor, nu, suado, os pelos escuros contrastando com a pele clara. Rapidamente ele precisou se trocar e partir. A vida de caronas é hard, gurl. Voltei para a cama e deitei onde as dobras do edredom guardavam os vestígios de sua presença. Aqui cochilei, levantei e agora escrevo.
Assisti à 91ª edição do Oscar, na qual minha musa Lady Gaga esteve concorrendo em duas categorias pelo filme Nasce Uma Estrela (2018). Estive ansioso por imagens dela durante o red carpet da premiação, confesso que quando vi o look escolhido pela Mother  Monster, pensei "Tá, perá. Deixa eu ver se entendi!". Mas como sempre acontece, o prestígio e admiração desconstruíram e se apaixonaram pela singela homenagem a Audrey Hepburn. Chorei quando ela foi anunciada como ganhadora da categoria canção original por Shallow, música tema do quarto remake de A Star Is Born. Como eu chorei de felicidade! É mais um momento de reconhecimento em que celebro com a Gaga e, indiretamente, fortaleço uma das bases de quem acredito que sou. o fã desta artista genuínamente fora dos padrões talentosissíma, que a todo momento fala de disciplina. Isso é uma coisa muita engraçada por faltar em mim... mas isso não vem ao caso discutir.
Vem ao caso dizer que agora pretendo ir dormir, mesmo com todas as crises de ansiedade batendo ai. Vou dormir, feliz que um dos meus ensaios de fato veio para o mundo real. E você faz parte dele, se um dia alguém ler estas linhas melodramáticas. Tenho tentado fazer da vida mais do que uma sucessão de ciclos de sucesso financeiro e social. Quero ser mais, porque meu vazio interno é muito intenso. E estas palavras que redijo, sem muito saber para onde me levaram, só peço que apenas me levem com vocês. Para as frases doces e escondidas nos cantos mais escuros do meu peito. Esse que contrai em suas batidas, quando penso nele e nos sentimentos que supostamente guarda a sete chaves. Supostante, porque mesmo querendo ser pedra, meu coração é de carne.

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