Linhas Soltas

Tempos caóticos colorem meu horizonte.

     Já faz algum tempo desde a última vez que eu publiquei algo. Não apenas no Garotos Serão Sempre Otários, mas também em outras mídias sociais, como o Facebook ou o Twitter. Sinto, cada vez mais, uma dificuldade em expressar minhas interpretações sobre a vida, sobre o mundo. Ao longo deste período, eu conclui meu curso de graduação. Minha ficha ainda não caiu de que não sou mais um universitário vivendo a boêmia dos 20 e poucos anos. Agora sou também historiador, com muito orgulho, professor (só me falta o diploma). Ao longo do meu curso, eu passei a cada vez mais compreender a importância da clareza e do embasamento de minhas opiniões. Era mais importante do que nunca, saber exatamente de cada aspecto sobre o que eu argumentava. 
      Conforme o curso avançava, a pressão aumentava, as paredes da concha mais presentes. Uma das melhores coisas do curso de História é que ele refina suas interpretações. Eu olhava para as redes sociais não só como entretenimento, onde eu passava horas e horas cotidianamente vendo todo o tipo de coisa, fofocas do pop à vida dos crush e das amigas. Eu tentava interpretar o discurso que as pessoas construíam e reproduziam em suas postagens nas redes sociais. O senso comum tem cada vez mais coroado a futilidade, a generalização e, sobretudo, a distanciação. 
    Eu senti uma pressão tremenda, um medo no fundo de mim de escrever. Foi quando percebi que eu mesmo estava fechando minha concha, as vozes dentro da caixa de pandora ficavam mais nítidas. Meus medos me cercavam, e eu tão confiante, passei a ser refém de mim mesmo. Eu busco olhar minha história e não me sentir vítima do meu passado. Mas me dói aceitar que de uma forma eu escolhi vegetar dentro de uma concha. Parece que é uma ferida que você sabe que está prestes a cicatriz, mas tem um impulso e a coça até voltar a sangrar. Alfenas foi a experiência que eu sinto muito grato por poder vivenciar. 4 anos que passaram tão depressa quanto areia pelos vãos desses dedos tortos. 
     Lembro como se fosse ontem quando enchi minha mochila de sonhos, esvaziado de notas, eu escolhi seguir em direção ao meu futuro. Eu não sabia no que ia dar. Eu poderia ter que voltar em um mês, minha mãe não tinha condições financeiras de me sustentar em outra cidade. Eu teria que me virar, encontrar um emprego. Com o rosto batizado de lágrimas, eu deixei aqueles que amava para trás, abraçava o novo e o desconhecido. Eu joguei todas as fichas que eu tinha e também as que eu nunca cheguei a possuir. Eu apostei tudo de mim. E eu ganhei! Sonhos se tornam realidade, assim como o são seus sacrifícios. Como eu caí do cavalo em 4 anos! Como eu olhava para dentro de mim e pensava, Que porra é você? Lembro também que eu fui e tinha tanto medo de não conseguir fazer amigos. 
       Que presentes eu recebi do universo! Suas histórias, nossas risadas, ressacas e loucuras coloriram o momento mais feliz que vivi. Eu fui querido, eu fui aceito, respeitado. Amado! Hoje meus amigos estão espalhados pelo mundo, conquistando seu caminho, vivendo seus amores. E mesmo diante da saudade, como eu poderia estar triste? A felicidade de ser amigo também está na experiência da distância. Me orgulho das minhas amizades, como orgulho do que eu conquistei. Não sei porquê, mas no fundo me dói admitir que eu conquistei. Eu venci, atingi a excelência que era possível se atingir ao longo dessa experiência, sobretudo, no que tange à vida acadêmica. Ok, mesmo por trás de qualquer aparência, não fui perfeito, como no fundo eu gostaria de ser. 
       Eu vivo a cada dia um enredo de Cisne Negro diferente. Do processo que foi minha criação e crescimento, me tornei uma pessoa muito autocrítica. Ainda não sinto que lido tão bem com a possibilidade de fracasso. E me envergonho de ter tomado atitudes, em muitos momentos, onde pelo medo de fracassar, eu me sabotei, parei. Dói porque as vozes da minha concha me fizeram sentir confortável com essa letargia. Letargia que via as pinceladas do caos ressaltarem no horizonte, mas permanecer indiferente, no pior momento que se espera ser. Assim como eu sou meu maior fã, carrego meu maior juiz. Toda noite o travesseiro sustenta uma condenação diferente. Sinto falta de me sentir corajoso, me sentir incentivado, interessado. O caos me é tão monocromático, falta me as cores. Muitos momentos, vivo o cego que não quer ver. 
        Rio de minha estupidez, mesmo ela apertando o peito. Eu tenho medo de acomodar sobre as asas do destino, acho que sentei sobre o que achava estar destinado, esquecendo em muitos momentos da jornada em si. Vou catando esses pedaços de mim, eu precisei me desconstruir. Arranquei cada parte de mim, chegou a hora de colocar as peças em seu lugar, abraçar as sombras que com elas vêm. Medo. Vontade. Ansiedade. Fracasso. Amizade. Ambição. Vaidade. Amor. Raiva. Sonho. Fé. Silêncio. Bravura. Ousadia. Acolher. Eu sou tudo isso, mais aquilo que eu ainda não sei. Mas sei que estou no caminho para me tornar o homem que eu sempre soube que me tornaria. Eu não sou o amor, como a música diz. Eu sou a possibilidade! Tudo bem as vezes, achar que os moinhos de vento são dragões!

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