B-612

Sobre pedras ele quis se construir,
Mas os passos o levaram
Para outro rumo.
Pegadas fundas naquela areia fina.

Soube dobrar o próprio ar
Para, no arfar do peito,
Dar vida a torres à sua volta.
Os velhos olhos vermelhos
Vendiam-lhe paredes de pedra,
Mas que eram em sua essência
Grão sobre grão, pó e areia.

Nas próprias paredes, não
Percebeu o vento apagar os próprios passos.
Frio e escuro o acompanharam
Até que as paredes ruíram.

Mesmo  confuso na imensidão,
Laçou as borboletas do próprio estomago
E alçou o mais alto que pode.

Quem sabe do alto ele poderia
Estar mais próximo de sua rosa.
A ela voltava todas as noites,
Fechava os olhos e podia 
Ouvir o farfalhar da risada da rosa
Aos pés do próprio ouvido.
Era tão próxima que o coração gelava!

As borboletas batiam forte suas asas
Na longa viagem de volta.
Grãos da areia fina ainda
Incomodavam suas pálpebras,
Sob lágrimas revia os tropeços de sua estrada.
Não tinha certeza se os laços
Das borboletas cederiam em algum momento,
Se o chão de areia o abraçaria na rápida queda.
Só sabia que precisava voltar.
Afinal, era eternamente responsável
Por aquela rosa que tanto lhe cativara.

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